Um dos elementos mais importantes em uma gestão financeira é o documento comprobatório de gastos.
Todos os gastos realizados pelas empresas precisam estar devidamente suportados por documentos hábeis e idôneos, que comprovem a realização do dispêndio e da quitação da obrigação assumida.
Um documento é hábil e idôneo quando pode ser considerado legítimo, autêntico e suficientemente confiável para provar ou validar as informações que apresenta, estando em conformidade com as leis e regulamentações aplicáveis.
A seguir apresentamos as características que todo documento precisa ter para ser considerado hábil e idôneo:
Um processo de pagamento completo deve conter no mínimo documento(s) comprobatório(s) da realização do gasto e da sua liquidação, ou seja, o seu pagamento.
3.1) Atendimento aos Requisitos Legais
Uma das principais dificuldades existentes entre os executores de gastos é saber se o documento comprobatório atende aos requisitos legais com relação a sua aceitabilidade fiscal.
Nesse sentido, a princípio, todas as aquisições de produtos e serviços feitas a empresas devem ser suportadas por nota fiscal emitida em nome do adquirente.
Com relação as compras de produtos feitas a pessoa física um recibo pode ser suficiente.
Quando for feita contratação de serviço a pessoa física é necessário consultar a prefeitura municipal onde está estabelecido o contratante.
Em Recife os seguintes prestadores de serviços pessoas físicas ficam obrigados a emitir nota fiscal eletrônica de serviço:
a) vendedor comissionado
b) professor
c) empresário artístico
d) promotor de eventos
e) corretor
f) representante comercial e
g) profissionais cujo exercício da atividade tenha como pré-requisito a educação superior, ou educação a esta equiparada, tais como médicos, contadores, advogados, engenheiros, entre outros.
Os demais profissionais, não mencionados acima, podem emitir recibo de prestação de serviço. Todavia, a contratante deve ter muito cuidado porque de forma geral, a contratação de pessoa física implica na retenção de alguns tributos, como também pode acarretar a majoração do custo da contratação. Sobre esses aspectos trataremos em outro texto.
Como exemplo dos profissionais dispensados da emissão de nota fiscal de serviço podemos citar: pedreiros, carpinteiros, eletricistas, faxineiros, etc
ATENÇÃO
Nos casos em que o prestador de serviços esteja obrigado a emissão de nota fiscal de serviço e não o faça, a contratante assume a obrigação pelo ISS da contratada a alíquota de 5% devendo efetuar o seu recolhimento aos cofres públicos municipais.
Todos os demais gastos não referentes a aquisições de produtos e serviços, também precisam estar suportados por documentação hábil e idônea, como acontece com relação a tributos (Simples Nacional, ISS, ICMS, etc), obrigações com empregados (salários, férias, 13º salário, FGTS, INSS, vales-transportes, etc), aluguéis, pagamentos de empréstimos, parcelamento de tributos dentre outros.
Um outro ponto que gera muita dúvida é com relação a retenção de tributo. Nesse sentido algumas exclamações aparecem:
Para responder todas essas perguntas e não nos demorarmos muito nesse texto, criamos um outro, onde explicamos essa modalidade de tributação.
Existem diversos motivos pelos quais se deve dispensar muita atenção com relação aos documentos comprobatórios de gastos. A seguir apresentamos alguns:
A seguir apresentamos uma planilha com os principais gastos incorridos pelas empresas em geral e os documentos hábeis e idôneos que devem ser utilizados para as suas comprovações.
Siglas utilizadas: PJ =pessoa jurídica PF = pessoa física
Observação:
1) Todos os documentos comprobatórios dos gastos realizados devem acompanhar também o documento que comprove o pagamento da obrigação, como comprovante de PIX, TED, depósito, transferência bancária, recibo (quando o pagamento for feito em dinheiro) etc.
2) Com relação a necessidade de nota fiscal eletrônica de serviço, consideramos a legislação do município de Recife, portanto, caso você esteja estabelecido em outra cidade deverá consultar a legislação o seu ente municipal.
Para que os documentos comprobatórios de gastos possam cumprir as suas finalidades eles precisam ser arquivados de maneira organizada e sistematizada que permita a sua localização de forma rápida e eficiente. O arquivamento em formato físico (impresso) não é mais aconselhável. Atualmente todos os documentos de pagamentos podem ser arquivados de forma digital. Para isso recomendamos que sejam digitalizados no formato PDF e guardados em arquivos digitais como Google Drive, OneDrive ou outro qualquer que esteja nas nuvens.
Conforme já mencionado nesse texto, o processo completo de pagamento é composto por um ou mais documento comprobatório do gasto realizado e um ou mais documento comprobatório da quitação da obrigação (pagamento ou outra forma de liquidação).
Também já informamos que a maneira mais adequada de arquivar os documentos é em meio digital, nas nuvens e em formato PDF.
Chamamos a atenção agora para que devemos nos esforçar para que não seja necessário imprimir fisicamente (em papel) os documentos. Então, sempre que possível, devemos procurar obter a documentação já em formato PDF.
O arquivamento de documentos em meio digital apresenta várias vantagens com relação ao arquivamento tradicional em papel. Contudo, pode também trazer algumas dificuldades que podem ser consideradas como desvantagens conforme a seguir:
VANTAGENS
Reduz a necessidade de papel
Não necessita de espaços físicos de armazenamento
Proporciona economia
Diminui os impactos ambientas
Favorece o compartilhamento Facilita a localização Possibilita o acesso remoto
Permite o acesso de várias pessoas
DESVANTAGENS
Requer o uso de tecnologia
Necessita de conhecimento técnico
Depende de energia elétrica
Pode te custo com software
Requer um certo consumo de tempo para digitalização, denominação e guarda do arquivo do arquivo digital
7.1) Digitalização de documentos
Nem todos os documentos conseguimos obter no formato PDF e em várias situações ainda nos são disponibilizados documentos impressos em papel. Nesses casos será necessário digitalizá-los e, nesse momento, tirar foto da impressão, que em geral criar arquivo em formato JPG, PNG, BMP ou outro equivalente, não é adequado, uma vez que, posteriormente será necessário convertê-lo para PDF. Assim sendo, recomentamos a utilização de equipamento específico para digitalização, que é o scanner.
Atualmente existem vários tipos de scanner desde os mais sofisticados até os mais simples, de mesa ou de mão. Mas julgamos mais prático e recomendável a utilização de aplicativos que cumpram essa função de maneira simples e confiável e que já permitem o arquivamento do documento digitalizado em PDF, diretamente nas nuvens, a exemplo do Google Drive, CamScanner, Microsoft Oficce Lens, Adobe Scan, I love PDF e outros.
Alguns desses aplicativos são gratuitos e outros embora pagos apresentam uma versão gratuita bastante aceitável.
Quando os documentos estão impressos em papel deve-se fazer a digitalização através de scanner (também chamado de escaneamento) do processo de pagamento completo (documentos comprovantes do gasto e do seu pagamento), criando um só documento.
7.2) Documentos em PDF separados
Quando um mais documento comprobatório do gasto e um ou mais comprovante do seu pagamento já em PDF, mas de forma separada, devemos providenciar a sua junção em um só arquivo PDF. Isso pode ser feito diretamente pelo aplicativo de escaneamento. Todavia, nem todos fazem isso e os que fazem geralmente disponibiliza essa função através da versão paga.
Em nosso escritório temos adotado a versão paga do I LOVE PDF com bastante eficiência.
7.3) Pastas e nomenclatura dos documentos digitais
O arquivamento dos processos de pagamentos em meio digital nas nuvens deve ser feito de maneira a facilitar a sua localização e acesso e para isso a criação de pasta e a definição da sua nomenclatura é essencial.
Recomendamos que sejam criadas pastas por mês e subpastas por conta bancária ou de caixa.
Exemplo:
Para arquivar os documentos pagos através do banco do Brasil devemos criar uma pasta e subpasta da seguinte forma:
Caso exista mais de uma conta no mesmo banco, devem ser criadas subpastas para cada conta:
Exemplo:
SET 2024 ==> Banco do Brasil (conta 0000-X)
Banco do Brasil (conta 0001-X)
Os documentos devem ser nomeados informando a data do pagamento, acrescida do nome do recebedor, descrição da conta financeira (de acordo com o plano de contas financeiras) e o valor.
DATA + NOME DO RECEBEDOR + DESCRIÇÃO DA CONTA FINANCEIRA + VALOR
No lugar da descrição da conta financeira pode ser utilizado o seu código.
Exemplo:
O pagamento da aquisição de material de escritório a empresa X, deve ter o seu processo de pagamento nomeado da seguinte forma:
“30.09, empresa X, material de escritório, R$ 704,00”
Ou, considerando que o código da conta financeira “material de escritório” é 2.01.04, ficaria da seguinte forma:
“30.09, empresa X, 2.01.04, R$ 704,00”
Essa forma de nomenclatura além de facilitar a localização do documento permite a correta classificação do gasto nos registros financeiros.
Várias outras considerações podem ser feitas com relação a documentos comprobatórios de gastos pela importância desse tema dentro da gestão financeira, devendo os gestores financeiros das organizações em geral, de pequeno, médio ou grande porte, com ou sem fim lucrativo, envidarem todos os esforços para que todos os participantes de processos de realização de gastos, sejam despesas ou investimentos, tenham esse conhecimento, uma vez que um processo iniciado de forma equivocada trará em si uma grande dificuldade para ser corrigido e poderá acarretar prejuízos consideráveis para o empreendimento.
FIM